BV no Mercado de Casamentos

  • Atenção: todas as imagens neste site são de propriedade exclusiva da Valença-Strauss e não podem ser baixadas para uso comercial sem o consentimento por escrito de seu autor

Compartilhar

BV no Mercado de Casamentos

Uma prática desleal e quase sempre ilegal

Já ouviu falar do BV – ou Bônus de Venda? Essa é uma prática até que bastante comum em muitos mercados, mas que, dentro do mercado de casamentos, em especial, quase sempre é cercado de atitudes desleais, desonestas e, às vezes, até ilegais – pois é! Mas já vamos explicar melhor tudo isso.

O BV funciona da seguinte forma: um terceiro vende um serviço ou produto, através de indicação ou propaganda e, ao fazê-lo, ganha um percentual sobre essa venda. Até aí, nada de errado, certo? Mas é aqui que as coisas se embolam.

Dentro do mercado de casamentos, que já é um mercado bastante fechado e disputado por si só, muitos serviços de assessoria – conhecidos também por cerimonialistas – tentam dominar as escolhas dos noivos, por estarem os primeiros envolvidos nesse tipo de prática. Assim, como o cerimonialista recebe uma comissão – relativamente alta – sobre as vendas que fizer para os outros fornecedores, e por conta da posição privilegiada que ele ocupa, muitas vezes ele tenta forçar o casal a fechar apenas com os fornecedores que ele indica, fazendo todo tipo de pressão possível, já que, com outros fornecedores, não envolvidos na “panela”, ele provavelmente não ganhará nada. Além disso, quase sempre, o fornecedor indicado pelo cerimonial adota uma prática ainda pior: sobe os preços normalmente praticados para cobrar daquele casal o BV que terá que pagar ao cerimonial.

Vamos a um exemplo prático, onde Pedro Cerimonial é suposto serviço de assessoria de casamentos envolvido em tal prática. O casal Ana e João fecham, com ele, a assessoria de seu casamento e, então, ele passa a pressionar o casal para fechar apenas com seus fornecedores. Ana e João dizem que gostaram muito do fotógrafo Roberto Carlos, mas Pedro Cerimonial alega que com Astolfo Nunes, o fotógrafo com quem ele sempre trabalha, Ana e João pagarão menos e, além disso, ele garante o serviço de Astolfo. Ana e João ficam “meio assim”, porque gostaram muito do serviço e do atendimento de Roberto Carlos, mas são pressionados a tal ponto que acabam fechando com Astolfo Nunes. O que eles não sabem é que Astolfo costuma cobrar 4 mil reais, mas que, como ele tem que pagar o BV de Pedro Cerimonial, ele passa ao casal o valor de R$4500,00, de onde os R$500,00 vão para o bolso do Pedro. Nesse caso, Além de uma prática desleal, Pedro e Astolfo ferem o CDC, pois a prática:

I) compreende conduta de elevação de preço de produto(s) ou serviço(s) sem justa causa, conforme vedação do art. 39, X, da Lei 8.078/90 (CDC).

II) representa abuso contratual e vantagem manifestamente excessiva em detrimento do consumidor, praticas estas vedadas pelos arts. 6º, IV; 51, IV, § 1º III e; 39, v, da Lei 8.078/90 (CDC).

III) afronta os arts. 4º, III e 51, IV, da Lei 8.078/90 (CDC), que preveem a obediência aos princípios da função social dos contratos, da boa-fé objetiva e do equilíbrio nas relações de consumo.

Não bastasse isso, o casal deixa de ter um profissional com quem realmente se indentificou e fica com um profissional que, agindo dessa forma, quase sempre está mais interessando em números do que na boa prestação de serviço e de atendimento ao casal. Também é um grande problema para os noivos porque o cerimonial, ao agir assim, está mais interessado em ganhar mais dinheiro do que em fornecer aos seus noivos uma ótima experiência de casamento. É assim que, infelizmente, o mercado de casamentos vira, de verdade, um “mercado”, onde só entram aqueles que concordam em pagar por indicações.

É claro que o BV poderia ser realizado de forma menos danosa, quando o profissional indicado desconta de seu próprio valor de mercado o percentual a ser pago pela indicação. Não é uma prática comum e, ainda assim, favorece a criação dessas “panelinhas” onde ninguém entra, a não ser que pague mais.

Maria e eu jamais concordamos com tais práticas e apenas indicamos profissionais por boa-fé, por saberem que fornecerão uma boa experiência ao nosso casal. É claro que, por isso, já perdemos alguns casais para outros fotógrafos envolvidos na prática do BV.

É por isso que sempre detacamos: seja conosco ou com outro profissional, escolham de acordo com o que vocês podem pagar e com o coração de vocês, com aquele que mais gostaram, desde o atendimento ao serviço prestado em outros casamentos, lembrando-se de que uma pequena diferença de valor não compensa a desilusão de um serviço mal prestado. Além disso, desde antes e até no dia do seu casamento, lembrem-se:

o casamento é DE VOCÊS, é um dia importantíssimo que envolve sonhos, expectativas, histórias de família, sentimentos e emoções. Portanto, vivam-no do jeito que vocês planejaram, contando com o apoio da sua assessoria, e não com o controle dela sobre o seu casamento e sobre suas escolhas.

E, claro, existem ótimos profissionais de todos os ramos no mercado de casamentos. Analisem com carinho e com cuidado.

Compartilhar

Compartilhar

Array